domingo, 18 de novembro de 2012

O Putedo

Meninas e meninos mais susceptíveis, é favor mudar de página porque as próximas linhas podem ferir a vossa sensibilidade.
Eu gostava de escrever sobre o Natal, o comércio tradicional e a prioridade que todos devemos ter em fazer compras na loja do nosso bairro. Com esse gesto estamos a contribuir para que a economia local sobreviva às atrocidades fiscais.
Gostava de escrever sobre um tema mais doce, mais “fofinho”. Menos áspero. Mas a minha consciência diz-me que preciso adoptar uma posição de denúncia.
Pois bem.
A Sra Dona Merkel veio a Portugal fazer Economia Psicológica.
Cravou almoço a Passos Coelho, mostrou às Agências de Rating que os portugueses estão bem domesticados e amealhou mais uns pontos no seu cartão FMI.
Merkel tem razão, é preciso meter algum juízo na cabeça dos políticos corruptos portugueses. O único problema é que Merkel continua a negociar com esses políticos, todos os dias, as medidas de austeridade que nos hão-de deixar como mão de obra ao nível do melhor que há no terceiro mundo. E isso faz de Merkel uma verdadeira cúmplice do assalto a que todos estamos a ser sujeitos.
O país chegou a este triste estado não por culpa das extravagâncias da classe média que desatou a comprar a crédito “sem rei nem roque”, mas antes pela sofreguidão, corrupção e má gestão que grassou pelos sucessivos governos desde o 25 de abril.
CORRUPÇÃO, pura e dura. É disso que se trata.
O resgate ao BPP e ao BPN para aguentar os devaneios do grupelho que tem em Cavaco Silva o maior aliado. CORRUPÇÃO à bruta!
Os contratos bilionários das Parcerias Público Privadas com consórcios de banqueiros e empreiteiros. CORRUPÇÃO indecente.
As Fundações e Institutos que alimentam o clientelismo dependente do Estado e dos vícios dos aparelhos. CORRUPÇÃO sem limite.
Aqueles que cavaram o buraco deste país, e continuam livremente impunes, querem agora que o contribuinte, o mesmo de sempre, assuma a responsabilidade da loucura e da ganância de quem tinha a obrigação de nos governar ao contrário de se governar.
PS, PSD e CDS serviram-se num fartote, não olhando à despesa. Agora que lhe apresentam a conta, assobiam para o lado e esperam que o contribuinte português se chegue à frente.
O suprassumo do putedo que grassa neste país é agora servido, sem pingo de pudor, por PSD e CDS que lado a lado votaram um orçamento que em nada (muito pelo contrário) se assemelha ao programa eleitoral votado pelos portugueses (os que o votaram) há cerca de um ano atrás.
Está visto que a solução para acabar com a pouca vergonha que nos governa está em nós. Em todos nós. Mais ninguém nos há-de valer. Tomemos o exemplo solidário das gentes de Silves, onde centenas de mãos ao trabalho estão a mudar a face de uma cidade que há pouco mais de 48 horas foi varrida pela força da natureza. A mudança tem de começar em cada um de nós. Em cada rua, em cada bairro, em cada vila ou freguesia.
O “Povo, unido, jamais será vencido”!