segunda-feira, 17 de setembro de 2012

O que fizeste às nossas vidas, Pedro Manuel?

(texto publicado em www.rederegional.com)
Já viste bem? Estás entalado pelo Seguro epelo Portas. Tens quase meio milhão na rua a pedir a tua saída e pouco mais deum ano levas de mandato. Ainda há dias me dizias que 2013 seria o ano deviragem na economia e agora vens dizer-me que é preciso aumentar em 60% a minhacontribuição para uma reforma que dificilmente chegarei a ver. Que vou ter cadavez mais impostos às costas, menos salário, menos qualidade de vida, menosferiados, menos amigos empregados. Menos tanta coisa.

Para quê tanta mentira, para quê tanto sofrimento?
Naqueles dias de campanha eleitoral, vendias a ideia de um país bonito, comjustiça e igualdade, sem carregar mais nos impostos, sem ir mais ao nosso bolso.Foste um vendedor de ilusões, sabemos hoje.
Obrigas-me a ver os programas da RTP quefalam de portugueses com êxito por esse mundo fora e a sonhar com o dia em queo meu país será também assim. Eu também quero ser um “português pelo mundo”cheio de boas estórias para contar, cheio de sorrisos e sonhos e projectos eobjectivos e tudo e tudo o que um “português pelo mundo” pode querer. Mas querosê-lo, aqui. Deixa-me ser feliz no país mais lindo do mundo, o meu, o teu.

Se esta pode ser a terra das oportunidadespara o “eng.” Sócrates ou para o “dr.” Relvas, porque não dar a oportunidade deemprego a gente que estudou mesmo, que passou anos nos corredores faculdade eque conseguiu o diploma por efectivo mérito. Investimos tanto no ensino destesjovens para depois os vermos partir, “portugueses pelo mundo” empurrados poruma pátria que insiste nesta teoria errada de que as oportunidades estão dolado de lá da fronteira.

Oh, Pedro! Toma consciência do que estása fazer a este país, pequeno em área mas grande em valor. Este país que é tão teuquanto da Joana, da Catarina e da Júlia, tuas filhas. Achas mesmo que - já nemdigo nós - mas as tuas filhas merecem um futuro assim? Sem certezas, semalegria, sem luz nem brilho?

Razão tinha O Eça quando afirmava que “políticos e fraldas devem ser trocados de tempos em tempos pelo mesmo motivo”.

Falta mudar tanta coisa.
Falta mudar isto tudo!
Ser-se cego surdo e mudo
entre gente sem cabeça
não é desgraça completa.
É como ser-se poeta
sem que a poesia aconteça.
(excerto de Poema Temperamental, de Joaquim Pessoa)