segunda-feira, 19 de março de 2012

Gestores de dívidas.

Daqui a poucas horas serão conhecidos os primeiros números do “buraco financeiro” das Câmara Municipais. Buraco esse que será provavelmente bem mais significativo que o desfalque nas contas da Madeira. Saber da verdadeira dimensão deste “buraco” é uma tarefa em aberto, digna de homens de barba rija.
Adivinha-se um longo debate sobre os números que serão revelados nos próximos dias na imprensa. As dívidas dos municípios são de tal forma significativas, em muitos casos irresponsáveis e em certos casos, criminosas até. Os municípios estão endividados até ao tutano, de mãos e pés atados para o futuro próximo. Este endividamento que a Lei dos Compromissos pretende estancar a toda a velocidade, será o grande desafio dos futuros autarcas a ser eleitos em 2013. Mais do que venda de ilusões própria das campanhas eleitorais, o próximo acto eleitoral reveste-se de peculiares particularidades.

Ele irá eleger Presidentes com a mais espinhosa das missões. Gerir a dívida dos respetivos municípios. Os candidatos ficam portanto com a tarefa facilitada, no que à elaboração do programa eleitoral diz respeito. Se a seriedade assistir às vindouras candidaturas, a gestão da dívida aparecerá em primeiro lugar no ranking das promessas. Esqueçam as obras de fachada, os longos quilómetros de alcatrão, as rotundas pomposas e os campos de futebol de relva sintética no meio de nenhures. Não há verba para tal. Escusam de prometer grandes escolas e zonas industriais ou investimentos avultados no que quer que seja. Não há tusto! Estamos tesos.

Se forem sérios, os próximos programas eleitorais trazem o manual de instruções com a solução para gerir a dívida da melhor forma e uma alínea em rodapé com a garantia de que se fará alguma obra se houver dinheiro para tal. Não vendam mais ilusões ao povo, que o povo não merece esses programas eleitorais de malabarista. Prometam apenas o que é razoável. Façam-nos esse favor. Nas próximas eleições autárquicas vamos eleger gente para gerir a dívida que ficou. Vai ser preciso eleger gente competente, com engenho e garra.

Façamos todos esse favor ao país.