sexta-feira, 19 de setembro de 2008

um Momento

Chegado o momento em que tudo é tudo
dos teus pés ao ventre das ancas à nuca
ouve-se a torrente de um rio confuso

Levanta-se o vento Comparece a lua
Entre linguas e dentes este sol nocturno
Nos teus quatro membros de curvos arbustos
lavra um só incêndio que se torna muitos
Cadente silêncio sob o que murmuras

Por fora por dentro do bosque do púbis
crepitam-me os dedos tocando alaúde
nas cordas dos nervos a que te reduzes
Assim o momento em que tudo é tudo
Mais concretamente água fogo música
Crédito Foto: Marta Gonçalves - Poema de David Mourão Ferreira