sexta-feira, 23 de maio de 2008

manifesto de uma sexta-feira

Todos os dias lá vem mais uma notícia de aumentos de combustíveis, de novos despedimentos, de empresas que se deslocalizam para países com mão-de-obra mais barata. Em cada dia que passa, há mais motivos para desistir, para chorar, do que sorrir.
E o povo desiste.
Triste, embalado pela pobreza das novelas e concursos, e pelos futebóis que abrem telejornais. O meu país está assim. Entregue aos bichos e aos grupos económicos que “comem tudo, e não deixam nada”.

Em 1886 Guerra Junqueiro escreveu:
“Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas..."

As palavras parecem incrivelmente actuais.
Todos os dias “eles” fazem o favor de nos mostrar que não vale a pena refilar.
Que devemos seguir resignados. Eu acho que não, e naquilo que me for possível, estarei na primeira fila para reclamar. Acompanhas-me?