quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

novamente Eugénio

No teu peito
é que o pólen do fogo
se junta à nascente,
alastra na sombra.
Nos teus flancos
é que a fonte começa
a ser rio de abelhas,
rumor de tigre.
Da cintura aos joelhos
é que a areia queima,
o sol é secreto,
cego o silêncio.
Deita-te comigo.
Ilumina meus vidros.
Entre lábios e lábios
toda a música é minha.

Eugénio de Andrade
Crédito Foto: Jacek Pomykalski
(pelo feedback que tenho recebido de quem espreita à Janela, Eugénio de Andrade é dos poetas mais apreciados. Fico satisfeitos por poder estar a partilhar convosco palavras que gostam, respeitam, admiram)