sexta-feira, 4 de setembro de 2009

pela pena de José Mário Branco

Dá-me uma ajuda, ó médico das almas
para escolher em que combate combater
Quem condeno eu à vida
Quem condeno eu à morte
Que me podes tu dizer

Encostado à árvore do tempo
Folhas mortas, folhas vivas, estações
Nada disto faz sentido
E o sentido do sentido
Não paga as refeições

Este torpor só tem uma solução
Sejamos deuses, é meter as mãos à obra
E no fazendo acontecendo
Deixar ir o coração
Que é o que nos sobra

Fecha a porta que vem frio lá de fora
Diz o coxo aos despernado, e eu aqui
Fui à procura de mim
Encontrei-me mesmo agora
E ainda não fugi

O tempo corre por entre pívias e manhas
E tudo fica cada vez mais como está
Mas ao correr desta pena
Não fico à espera que venhas
Eu já sou o que virá